Tatuzão: a tecnologia “animal” que integra a cidade de São Paulo - Vinicius Marchese
Tatuzão: a tecnologia “animal” que integra a cidade de São Paulo

Não importa a área de atuação, engenheiro que é engenheiro sempre se empolga ao ver uma grande obra, sobretudo quando esta representa modernidade e integração da cidade. É isso que sinto quando vejo o Tatuzão, esta tecnologia fascinante de escavação, em ação por São Paulo. Hoje, quero falar sobre a conexão vital entre a região de Pompeia e o centro da cidade por meio do metrô, uma obra que fará da nossa metrópole mais ágil, moderna, priorizando o transporte público e trazendo mais qualidade de vida para quem vive e trabalha por aqui.

É de conhecimento de qualquer pessoa a agilidade e mobilidade que uma boa rede de metrôs causa em uma metrópole. Quem já passou por cidades como Nova Iorque, Tóquio, Estocolmo sabe muito bem do que estou falando: os habitantes abrem mão dos carros, uber e táxis porque são muito bem servidos com o transporte público. E é exatamente isso que queremos para São Paulo: uma cidade inteligente em que todas as regiões se integram com agilidade, sem poluir o meio ambiente, gerando emprego e renda. 

Com o Tatuzão, a obra da linha que liga o SESC Pompeia ao Centro, e também à região da Brazlândia, poderá ser executada com menor impacto nas vias públicas, reduzindo os transtornos causados pelas obras convencionais. Ao conectar a região da Pompeia ao centro, a nova linha de metrô possibilitará que milhares de pessoas evitem utilizar seus veículos particulares. Isso resultará em uma diminuição significativa do tráfego nas ruas e avenidas da cidade, aliviando congestionamentos e reduzindo a emissão de gases poluentes, contribuindo para uma cidade mais sustentável.

Cada nova linha de metrô que surge na nossa capital impacta positivamente o desenvolvimento socioeconômico das regiões beneficiadas. A valorização imobiliária, o aumento da circulação de pessoas e a abertura de novos negócios são apenas alguns dos efeitos observados em áreas que possuem acesso ao metrô. A nova linha impulsionará o comércio, o turismo e a geração de empregos na região da Pompeia, proporcionando mais oportunidades para os moradores locais.

Em números, para se ter noção do impacto que a presença de uma linha de metrô traz para o mercado, podemos citar algumas linhas de São Paulo:  A implantação da Linha 4 do metrô, que conecta a região da Luz à região do Morumbi, segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), trouxe um incremento de até 25% no valor dos imóveis comerciais e residenciais em bairros como Pinheiros, Butantã e Vila Sônia. 

Já a expansão da Linha Lilás do metrô, que agora vai da estação Capão Redondo até a estação Chácara Klabin, de acordo com a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, fez com que a valorização dos imóveis próximos às estações variasse entre 15% e 30% em bairros como Campo Limpo, Santo Amaro e Moema.

Por fim, a implementação da Linha 15 do metrô, também conhecida como linha do Monotrilho, contribuiu para a valorização de bairros como Vila Prudente, Vila Formosa e Jardim Independência, que também tiveram aumento médio de 15% a 20% no valor dos imóveis residenciais e comerciais.

Quando falamos em valorização, não estamos apenas falando sobre imóveis que ficam mais caros, mas também de novas possibilidades de empreendimento, e, inclusive, de democratização da moradia. Para se ter uma ideia, o déficit habitacional na Grande São Paulo é de quase 2 milhões de moradias. Quando integramos as cidades, valorizamos as regiões atendidas pelo metrô, despertamos o interesse em empresas de construção para empreender nestes locais e, integrando-se com programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida, por exemplo, conseguimos desenvolver um ciclo virtuoso do desenvolvimento econômico-social e da mobilidade urbana.

Como disse no início deste texto, como engenheiro eu sou fã de uma grande obra, sobretudo uma grande obra de interesse público como o metrô. Graças à tecnologia e a inovação, como a ferramenta do Tatuzão, podemos ter obras complexas realizadas com segurança em um período de tempo bem menor do que seria uma obra convencional sem esta tecnologia de escavação. Com a supervisão do CREA-SP e de todas as entidades de controle, estamos ansiosos não só para a conclusão destas obras, mas para colher os frutos que esta integração proporcionará para a nossa querida São Paulo.